quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Deixe ela entrar.

Em uma noite chuvosa e fria, ela bateu em minha porta. Eu abri.
Era como um anjo. Sua voz suave me dizia "boa noite", seu olhar me pedia piedade, sua aparência inocente era basicamente tudo o que qualquer pessoa precisava para se convencer. Mas eu não era qualquer pessoa. Eu não me convencia muito fácil.
Vozes suaves e serenas pareciam me enfeitiçar. Diziam repetitivas vezes "deixe ela entrar, deixe ela entrar" como se fosse um mantra, que penetrava minha mente e assim eu deixei ela entrar.
Mal sabia eu que este seria o começo do fim da minha vida.
Ela trazia contigo todos os males que uma pessoa quer afastar de sí mesmo para ter uma vida feliz. Atras de seu rosto angelical, ela trazia uma legião de males apenas esperando o momento certo pra entrar. O momento que eu deixasse ela entrar.
E assim que o fiz, ela entrou, mudou tudo em minha casa. Acabou com tudo o que eu tinha, me fez conhecer a infelicidade, e quando resolveu sair, levou o pingo de esperança que eu ainda tinha. Me deixou a saudade, a solidão, a tristeza, a angustia, o odio, a magoa, o sofrimento e o nada.
Me tornou uma pessoa vazia, e doente, e me deixou pra morrer.
Mas até hoje, eu ainda ouço sua voz sussurrar em meu ouvido, e sinto calafrios quando consigo entender...

"Deixe ela entrar. Deixe ela entrar e te destruir..."